Capitalismo concorrencial e consolidação da forma burguesa do trabalho ( passagem da economia colonial á economia mercantil-escravista, com enfase para a Fase Joanina e para o Império)

A escola no seu percurso histórico foi marcada pela necessidade de organização. Neste contexto que se associa à relação entre educação e administração. O nascimento histórico de uma Filosofia administrativa caminha lado a lado com a própria história da administração pública. O sentido histórico do termo administração nasce com as transformações econômicas, sociais e políticas de várias culturas. A administração, assim como a educação se transformou; abandonaram as primeiras regras de organização, baseadas na família, na religião e no exército e construíram novos mecanismos e metodologias de organização institucional, principalmente a partir da Revolução Industrial, ocorrida na Europa do século XVIII.
   A perspectiva que relaciona educação e administração se constrói por meio de caminhos interligados. Segundo Vitor Paro:
"Se administrar é utilizar racionalmente os recursos para a realização de fins determinados, administrar a escola exige a permanente impregnação de seus fins pedagógicos na forma de alcançá-los".
  A administração escolar segundo Vítor Paro não se limita ao fato de se apropriar de metodologias e estudos administrativos provindos de instituições empresariais e aplicá-las diretamente à educação. A relação entre administração e educação tem a proposta de viabilizar recursos às necessidades da escola, destinados em investir em materiais pedagógicos como bibliotecas e livros; investir na estrutura física; na construção do aprendizado e do conhecimento crítico e possibilitar o incentivo à formação continuada dos profissionais da educação.
  A escola, no seu decorrer histórico utilizou vários pensamentos provenientes das teorias administrativas, muitas das vezes aplicadas em empresas e instituições financeiras. Embora haja a troca de conhecimentos entre escola e teoria administrativa na condução da organização escolar, torna-se necessário uma série de adaptações, porque a administração empresarial e a educação possuem papéis distintos para a história social. A educação não se reduz a uma simples relação entre capital e trabalho; o pensamento educativo e sua aplicação têm o compromisso de transformar, transmitir o saber, formar e preparar o homem para o trabalho e viver em sociedade.

    Colonização e educação

   A era Pombal tem o seu declínio com a sucessão de D José e a demissão sumária do Marquês pela nova rainha de Portugal, D. Maria I em 1777. A partir desta data até o seu afastamento, devido ao seu atestado de incapacidade mental, não ocorreram grandes transformações no sistema educacional português, somente a partir da posse de seu filho, D. João VI, como príncipe regente, ocorreram sensíveis alterações no cotidiano escolar.
Em 1808, devido à invasão francesa e aos desentendimentos com Napoleão Bonaparte, D.João VI se muda para o Brasil com toda a Corte. Essa mudança representou para a Colônia grandes avanços na cultura e na educação. Para atender à elite que chegara junto com a família real, D. João VI criou novos cursos, instituições culturais e educacionais e ampliou o número de vagas nos cursos que já existiam. A partir de 1808, foram criados os cursos de medicina na Bahia e no Rio de Janeiro, a Academia Real da Marinha (1808), a Academia Real Militar (1810), cursos para a formação de técnicos em economia, desenho técnico, química, agricultura e indústria. Foram criando também a Imprensa Régia (1808), a Biblioteca Nacional (1810), o Jardim Botânico (1810), propiciando assim, a formação de uma nova estrutura educacional no país.
As medidas criadas por D João VI, propiciou a possibilidade de se construir no país uma educação formalizada, com a concentração de estudos específicos, direcionados a formação especializada. Foi desta forma que D João introduziu as aulas de medicina, para formar médicos, que eram raros na colônia; desenvolveram-se estudos técnicos dirigidos as artes, dando origem a Escola de Belas Artes, fundada por Debret em 1816 e concluída as suas instalações em 1826, passando a se chamar Academia Imperial de Belas Artes.
Em síntese, a administração escolar joanina se limitou ao atendimento dos interesses do governo, criando os cursos superiores no intuito de atender as necessidades da sua corte, delegando a segundo plano as escolas de primeiras letras. A administração escolar nada mudou ao período anterior, com a manutenção das aulas avulsas e a fiscalização e controle do poder central sobre a educação.

  Administração Escolar no Império

   O retorno de D.João VI para Portugal em 1821 criou transformações na ordem política brasileira, principalmente pela posse de D.Pedro I a frente do Estado e a iniciativa de proclamação da independência política do país em 1822, dando origem ao início do sistema imperial no Brasil.
   As rupturas políticas e socioculturais refletiram na administração pública escolar do Brasil independente. O novo projeto educacional brasileiro tinha como principal interesse garantir a instrução primária para a população branca e livre. Para a concretização deste ideal pedagógico foi necessário reformular os quadros administrativos e burocráticos do Brasil, valorizando a elite nacional recém formada e quebrando os últimos vínculos existentes no âmbito educacional com Portugal.
   O Império proporcionou a existência de um novo olhar sobre a administração escolar no Brasil, principalmente por estabelecer a relação entre educação e sistema legislativo. A Lei Geral de 1827 citava o compromisso do Estado com a criação de escola de primeiras letras, para todos os cidadãos em todas as cidades, vilas e vilarejos. A lei de 1827 refletiu a necessidade da nova nação legislar sobre a administração escolar pública, se tornando a primeira lei de educação no país.
   A Lei Geral contribuiu para expandir a organização da administração escolar no Brasil. A nova legislação instaurou procedimentos ausentes no período colonial. A Lei de 1827 introduziu matérias e métodos educacionais a serem utilizados no cotidiano escolar, desenvolveu uma política salarial para o professor, definindo salário, gratificações e instituiu a obrigatoriedade de concurso público para a posse do cargo de professor.
   O ano de 1831 causou turbulentas transformações política no Brasil, devido ao denominado período regencial (1831- 1840). O período regencial marcado pela abdicação de D Pedro I se estendendo ao golpe da maioridade de D Pedro II, em 1840, iniciando após desta data o Segundo Reinado. Durante o período regencial se efetivou o Ato Adicional de 1834, promovendo a descentralização do ensino. A administração escolar foi dividida por fatores sociais; a coroa ficaria responsável pelo nível superior, promovendo a educação da elite; por outro lado as províncias se responsabilizavam pela educação popular, gerenciando a escola elementar e secundária.
Neste contexto, foi criado o Colégio Pedro II, refletindo um nítido projeto centralizador do Estado, que se consolidaria com o Segundo Reinado. As letras e o conhecimento serviam para o nascimento de uma ideologia pacificadora, com o intuito de criar a paz social, durante o turbulento período regencial. O Colégio Pedro II refletiu o espírito centralizador do futuro Segundo Reinado, porque se tornou o único colégio autorizado a realizar exames ao grau de bacharel, indispensáveis para o acesso aos cursos superiores, iniciando a idéia dos primeiros vestibulares no Brasil.
   O Segundo Reinado se inicia em 1840, com o golpe da maioridade de D Pedro II e se estende ao ano de 1889, quando é proclamada a República no Brasil. O maior avanço do Segundo Reinado se dirigiu ao nascimento de um novo modelo de administração, marcada pela conscientização dos professores. Iniciou-se nos jornais, principalmente no Jornal do Comércio, reportagens e debates, a partir da década de 60, com Candido de Mateus Faria Pardal. A iniciativa de Pardal não alterou em muito a postura do governo em relação a função dos professores, porém serviu para organizar e administrar a classe dos professores com associações profissionais, se esboçando as primeiras propostas dos futuros sindicatos profissionais.
  No campo da administração escolar, os professores ficaram responsáveis pela administração e manutenção das escolas elementares; a junta de professores de cada colégio exercia a função de diretor. Somente no segundo segmento o cargo de diretor existia, sendo tanto nas escolas elementares e no segundo segmento, tais professores eram subordinados e fiscalizados pelo Estado.

Sugestões de leituras:

  • ANDERY, M.A. e outros. Opus cit. " Capítulo XV - Séculos XVIII E XIX: Revolução na economia e na politica", p. 255-294.     HOBSBAWM, E.J. A Era das Revoluções.
  • HUBERMAN, L. História da Riqueza do Homem.
  • OLIVEIRA, C.B.A. Considerações sobre a Formação do Capitalismo.
  • RIBEIRO, M.L.S. hISTÓRIA DA EDUCAÇÃO bRASILEIRA... " A FASE  JOANINA", pp.23-28 "A fase politicamente autônoma", p. 28-34; "Consolidação do modelo agrário-comercial exportador dependente", p. 35-43; "Crise do modelo agrário-comercial-dependente e tentativa de incentivo à industrialização", p. 45-55
  •  COSTA, E. Viotti da. "Introdução ao Estudo da Emancipação Política do Brasil..." In: MOTA, C.G. Brasil em Perspectiva, p. 64-125
  •  COSTA, E.V. "A consciência liberal nos primórdios do Império". In: COSTA, E.V.. Da Monarquia à República. Momentos decisivos, p. 109-126. 
  • CUNHA, L.A. A universidade temporã: O ensino superior da Colônia à era de Vargas.
  • XAVIER, M.E., op. cit., pp.65-103
  •  XAVIER, M.E., Poder político e educação de elite, pp. 21-64.
  •  PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. p. 101-119.
  • COSTA, E.V. "Da Escravidão ao trabalho livre". In: Idem, p. 209-226
  • COSTA, E.V., Da Monarquia à República: momentos decisivos, pp.291-326.
  •  NASCIMENTO, T.Q.R., Pedagogia liberal modernizadora.
  •  PAIVA, V.P., op. cit., 60-78.
  •  SCHELBAUER, A.R.. Idéias que não se realizam.
  • XAVIER M.E. et alii, op. cit., pp.72-101
  • XAVIER, M.E. et alii, op.cit., pp.60-71.
  • http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_9129/artigo_sobre_historia_da_administracao_educacional_no_brasil:_da_colonia_a_republica_velha.

Portugal e Brasil no quadro da transição do Feudalismo para o Capitalismo.










Os feudos eram auto-suficientes, com economia voltada para a subsistência, as relações sociais fundamentais eram de vassalagem e servis, as trocas praticamente inexistiam. Com a expansão do comercio, as cidades passaram a oferecer trabalho a um maior numero de pessoas.
A expansão marítima e do sistema colonial do século XV, produziu muitas riquezas, as cruzadas o incremento do comercio, as cidades italianas, aliadas,  aos muçulmanos do oriente passaram a ter o monopólio das principais rotas comerciais do mediterrâneo, foram financiados pela burguesia, descobriram-se novas terras, que se transformaram em colônias, essas colônias foram importantes no fornecimento de metais preciosos, os banqueiros passaram a ser o poder atrás dos reis, porque estes necessitavam constantemente de sua ajuda financeira, o grande aumento no fornecimento de metais gerou um desequilíbrio, prejudicando os trabalhadores e a nobreza feudal, fortalecendo a burguesia. Com a substituição da terra pelo dinheiro como símbolo de muitos senhores feudais, onde com riqueza passaram a arrendar suas terras por altos valores ou mesmo cercar terras comuns pra aumentar seu ganho, substituição da agricultura pela pecuária, com isso muitos camponeses foram expulsos das terras por não poderem pagar os altos arrendamentos.
Com a estruturação do capitalismo, a necessidade de mercado consumidor e de matérias primas iniciou-se a busca para suprir estas necessidades e as navegações nesse momento começaram as colonizações.Nesse contexto surge a reforma protestante questionando as idéias religiosas e o poder da igreja e a contra-reforma católica reafirmando seus dogmas  utilizando-se principalmente da companhia de Jesus em suas ações pedagógico-educativas nas colônias fazendo frente á educação protestante.
Reforma Pombal 
 No século XVIII, com a Reforma de Pombal, quando o ensino passa a ser responsabilidade da Coroa Portuguesa. As principais medidas implantadas pelo marquês, por intermédio do Alvará de 28 de junho de 1759, foram: total destruição da organização da educação jesuítica e sua metodologia de ensino, tanto no Brasil quanto em Portugal; instituição de aulas de gramática latina, de grego e de retórica; criação do cargo de ‘diretor de estudos’ – pretendia-se que fosse um órgão administrativo de orientação e fiscalização do ensino; introdução das aulas régias – aulas isoladas que substituíram o curso secundário de humanidades criado pelos jesuítas; realização de concurso para escolha de professores para ministrarem as aulas régias; aprovação e instituição das aulas de comércio. Inspirado nos ideais iluministas, Pombal empreende uma profunda reforma educacional, ao menos formalmente. A metodologia eclesiástica dos jesuítas é substituída pelo pensamento pedagógico da escola pública e laica.
A falta de profissionais capacitados para o ensino elementar e primário, ou seja, havia, tanto na metrópole quanto na colônia, uma grande carência de professores aptos ao exercício da função de ensinar. Frente a esse contexto, pode-se afirmar que Pombal, ao expulsar os jesuítas e oficialmente assumir a responsabilidade pela instrução pública, não pretendia apenas reformar o sistema e os métodos educacionais, mas colocá-los a serviço dos interesses político do Estado Pelo Alvará de 5 de abril de 1771,
Pombal transfere a administração e a direção do ensino para a Real Mesa Censória, órgão criado em abril de 1768, com a qual pretendia efetivar a emancipação do controle absoluto dos jesuítas no ensino, passando, então, ao controle do Estado. Após esse ato, foram criadas, no Brasil, 17 aulas de ler e escrever; e foi instituído um fundo financeiro para a manutenção dos estudos reformados, denominado de subsídio literário. Uma das implicações do desmantelamento da organização educacional jesuítica e da falta de implantação de um projeto educacional formal e eficaz foram à demora em instituir-se, no Brasil colônia, as escolas com cursos graduados e sistematizados (1776). Pode-se notar a presença, já nessa época, de dois tipos de escolas (uma para os filhos da nobreza e burguesia e outra para os grupos sociais menos abastados) e de políticas educacionais que privilegiavam o ensino particular, com apoio do Estado. Consegue-se, portanto, verificar a presença, desde muito cedo, de uma característica marcante da Educação brasileira – ‘a destruição e substituição das antigas propostas educacionais em favor de novas propostas’. Assim, constata-se que, de uma maneira geral, no Brasil, não há uma continuidade nas propostas educacionais implantadas. A expulsão dos jesuítas e a total destruição de seu projeto educacional podem ser consideradas como o marco inicial dessa peculiaridade tão arraigada na Educação brasileira. O Alvará de 06 de novembro de 1772, que institui o ensino popular a ser dado nas escolas públicas. Pombal não ficou apenas no texto da lei. Passou de imediato à fundação de escolas, que deveriam completar um total de 479. A lei determinou que o ensino popular poderia também ficar a cargo de particulares, que para tanto contariam com apoio do Estado no prelecionamento das seguintes matérias: ortografia, gramática, aritmética, doutrina cristã e educação social e cívica (‘civilidade’). O ensino secundário daria ênfase especial ao latim, grego e francês. Ao mesmo tempo em que cuidava do ensino popular, fundou o ‘Colégio dos Nobres’, seminário dedicado à educação de filhos da nobreza; e, para manter o equilíbrio social e educacional, fundou também o Colégio de Mafra, destinado à educação dos plebeus, com programa idêntico ao reservado aos filhos da nobreza. [...] O primeiro-ministro criou um imposto especial destinado à manutenção e ampliação das escolas fundadas (lei de 10 de novembro de 1772). Importa lembrar que, apesar das propostas formais, as reformas pombalinas nunca conseguiram ser implantado, o que provocou um longo período (1759 a 1808) de quase desorganização e decadência da Educação na colônia.

Caracterização do Brasil Colonial
   A colônia deveria ser um local de consumo (mercado) para os produtos metropolitanos, de fornecimento de artigos para a metrópole e de ocupação para os trabalhadores da metrópole. Em outras palavras, dentro da lógica do “Sistema Colonial Mercantilista” tradicional, a colônia existia para desenvolver a metrópole, principalmente através do acúmulo de riquezas, seja através do extrativismo ou de práticas agrícolas mais ou menos sofisticadas. Uma Colônia de Exploração tem basicamente três características, conhecidas pelo termo técnico de “plantation”: Latifúndio: as terras são distribuídas em grandes propriedades rurais. Monocultura voltada ao mercado exterior: há um produto em torno do qual toda a produção da colônia se concentra (no caso brasileiro, ora é o açúcar, ora a borracha, ora o café...) para a exportação e enriquecimento da metrópole, em detrimento da produção para o consumo ou o mercado interno. Mão-de-obra escrava: o negro africano era trazido sobre o mar entre cadeias e, além de ser mercadoria cara, era uma mercadoria que gerava riqueza com o seu trabalho.
   O latifúndio monocultor no Brasil exigia uma mão-de-obra permanente. Era inviável a utilização de portugueses assalariados, já que a intenção não era vir para trabalhar, e sim para se enriquecer no Brasil. O sistema capitalista nascente não tinha como pagar salários para milhares de trabalhadores, além do que, a população portuguesa que não chegava aos 3 milhões, era considerada reduzida para oferecer assalariados em grande quantidade. Em 1532, quando se encontrava em São Vicente, Martim Afonso recebeu uma carta do rei anunciando o povoamento do Brasil através da criação das capitanias hereditárias. Esse sistema já havia sido utilizado com êxito nas possessões portuguesas das ilhas do Atlântico (Madeira, Cabo Verde, São Tomé e Açores).O Brasil foi dividido em 14 capitanias hereditárias, 15 lotes (São Vicente estava dividida em 2 lotes) e 12 donatários (Pero Lopes de Sousa era donatário de 3 capitanias: Itamaracá, Santo Amaro e Santana). Porém, a primeira doação ocorreu apenas em 1534.Entre os donatários não figurava nenhum nome da alta nobreza ou do grande comércio de Portugal, o que mostrava que a empresa não tinha suficiente atrativo econômico. Somente a pequena nobreza, cuja fortuna se devia ao Oriente, aqui aportou, arriscando seus recursos. Traziam nas mãos dois documentos reais: a carta de doação e os forais. No primeiro o rei declarava a doação e tudo o que ela implicava. O segundo era uma espécie de código tributário que estabelecia os impostos.

Nesses dois documentos o rei praticamente abria mão de sua soberania e conferia aos donatários poderes amplíssimos. E tinha de ser assim, pois aos donatários cabia a responsabilidade de povoar e desenvolver a terra à própria custa. O regime de capitanias hereditárias desse modo transferia para a iniciativa privado a tarefa de colonizar o Brasil. Entretanto, devido ao tamanho da obrigação e à falta de recursos, a maioria fracassou. Sem contar aqueles que preferiram não arriscar a sua fortuna e jamais chegaram a tomar posse de sua capitania. No final, das catorze capitanias, apenas Pernambuco teve êxito, além do sucesso temporário de São Vicente. Quanto às demais capitanias, malograram e alguns dos donatários não só perderam seus bens como também a própria vida. Estava claro que o povoamento e colonização através da iniciativa particular era inviável. Não só devido à hostilidade dos índios, mas também pela distância em relação à metrópole, e sobretudo, pelo elevado investi­mento requerido.

PERÍODO JESUÍTICO
(1549 · 1759)
Em 1534, Inácio de Loiola juntamente com um grupo pequeno de discípulos, fundou a Companhia de Jesus, na capela de Montmartre em Paris, no intuito de conseguir novos fiéis para a igreja católica por meio do catecismo, por causa da reforma protestante e o crescimento do luteranismo na Europa.
Em março de 1549 chegam ao Brasil, os primeiros jesuítas acompanhados do primeiro governador geral, Tome de Souza, sob o comando do Padre Manoel de Nóbrega, após quinze dias de sua chegada construíram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como primeiro professor nos moldes europeus o Irmão Vicente Rodrigues, com apenas 21 anos de idade.




                                                              Padre Manoel de Nóbrega

noviço José de Anchieta lecionou no Colégio de Piratininga; foi missionário em São Vicente onde escreveu os “Poemas à Virgem Maria” (De beata virgine Dei matre Maria), foi missionário em Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; Provincial da Companhia de Jesus de 1579 a 1586 e reitor do Colégio do Espírito Santo. Além disso, foi autor da Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil.

O grande objetivo dos jesuítas era o de pregar a fé católica, mas ao perceberem que seria impossível converter os índios, se eles não soubessem a ler e a escrever, então se dedicaram também ao trabalho educativo.  A obra jesuíta se estendeu para o sul do Brasil, e vinte anos depois de sua chegada, em 1570 já havia cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).
Todas as escolas seguiam os moldes de um documento escrito por Inácio de Loiola, Ratio atque Instituto Studiorum,mais conhecido como ratium studiorum (para conhecer mais sobre o ratium studiorum . Os jesuítas foram além do ensino das primeiras letras; eles mantinham além do curso elementar os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Teologia e Ciências Sagradas,de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava·se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava·se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Os que pretendiam seguir as profissões liberais iam estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na França, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na França, a mais procurada na área da Medicina.
                                                     Ruinas em São Miguel das missões/RS
As cidades desejavam integrar os índios ao processo colonizador; e os jesuítas queriam converte-los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos os queriam como escravos. Então os jesuítas criarão as reduções ou missões, no intuito de afastar os índios dos interesses dos colonizadores. Nessas missões os índios além de serem catequizados, eles também eram orientados quanto ao trabalho agrícola, que era uma das fontes de renda dos jesuítas.
Índios e colonos

As missões transformaram os índios nômades em sedentários, isso auxiliou na captura deles pelos colonos. Os jesuítas estiveram responsáveis pela educação brasileira por duzentos e dez anos. Em 1759, foram expulsos de todas as colônias portuguesas por decisão de Sebastião José de carvalho. Quando foram expulsos os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, incluindo também seminários menores e escolas de primeiras letras localizadas em todas as cidades onde havia casas da companhia de Jesus.


Sugestões de leitura:
  • ANDERY, M. A. e outros. Opus cit. p. 163-178.
  • FENELON, D. R. Opus cit., p. 13-24
  • HUBERMAN, L. História da Riqueza do Homem.
  • MARX, K. O Capital: Crítica da Economia Política - Livro 1, Volume 2. "XXIV - A Chamada acumulação primitiva... ", p. 828-882.
  • OLIVEIRA, C. B. A. Considerações sobre a Formação do Capitalismo
  • COLOMBO, Cristóvão. Diários da Descoberta da América - As quatro viagens e o testamento. "Introdução",  p. 11-26;  "A Segunda Viagem"  e   "A Terceira Viagem", p. 115-147
  •  CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. p. 75-99.
  •  NOVAIS, F.A. "O Brasil nos quadros do antigo sistema colonial". In: C.G. MOTA (org). Brasil em Perspectiva, p. 47-63. Caio Prado Jr.. "A sociedade colonial", p. 54-57;
  • ANDREOTTI. História da Administração Escolar... Cap. 2, pp. 29-54
  • ARANHA, M.L.A.. História da Educação e da Pedagogia. (6. Renascimento... e 7. Século XVII, pp. 123-170)
  • CUNHA, Luiz Antonio. A universidade temporã, p. 24-37;
  • AZEVEDO, Fernando de.  A cultura brasileira, p. 501-539.
  • PAIVA, J.M.. Colonização e Catequese.
  • RIBEIRO, M.L.S. História da Educação Brasileira, pp. 17-28
  • SAVIANI, D. História da Idéias Pedagógicas...  (Primeiro Período, pp. 25-59)
  • XAVIER, M.E.. et alii, op. cit., pp.25-57. Notadamente: "A organização do ensino na Colônia", p. 40-55, com "Textos complementares", p. 55-57.
  • Filme: A missão, de Roland Joffe, 1986.
  • ALENCAR, F. e outros. "O inferno dos negros". Idem, p. 20-46.
  • ALENCAR, F. e outros. "Pindorama - a comunidade primitiva e o período pré-colonizador". In: ALENCAR, F. e outros. História da Sociedade Brasileira, p. 4-18
  • BRESCIANI, M.J.. "As voltas de um parafuso". In: Tudo é História, Cadernos de Pesquisa, p. 8-20
  •  FRANCA, L. O método pedagógico dos jesuítas. (Tem no site do HISTEDBR).
  • PAIVA, V.P. Educação popular e educação de adultos, pp. 53-59.
  • GÂNDAVO, P.M. Tratado da terra do Brasil; História da Província Santa Cruz, p. 13-18; p. 69-146.
  • ANTONIL, A.J. Cultura e opulência do Brasil. p. 23-59; p. 75-145
  • NÓBREGA, M. da. "Carta do Brasil (1549)", p. 88-96
  • ANCHIETA, J. "Informação da Província do Brasil para Nosso Padre". p. 417-455
  • ANCHIETA, J. "Breve narração das coisas relativas aos colégios e residências da Companhia nesta província brasílica, no ano de 1584". p. 403-416
  • Filmes:a) Brincando nos campos do Senhorb) A Missãoc) A República dos Guarani d) Xica da Silva, de Cacá Diegues, 1976.
  • NOVAIS, F.A. Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial. p. 57-116
  • CUNHA, Luiz Antonio. A universidade temporã, p. 37-54
  • ALVES, G.L., O pensamento burguês no Seminário de Olinda.
  • ARANHA, M.L.A.. História da Educação e da Pedagogia. (8. Século das Luzes...), pp. 172-197  CUNHA, Luiz Antonio. A universidade temporã, p. 54-66.
  • OLIVEIRA, Betty. As reformas pombalinas e a educação no Brasil. p. 37-83.
  • RIBEIRO, M.L.S. História da Educação Brasileira, "A fase pombalina da escolarização colonial". pp. 16-22;
  • SAVIANI, D. História da Idéias Pedagógicas...   (Segundo Período. Cap.IV e V, pp. 63-114)
  • XAVIER, M.E. et alii, op. cit., pp.48-59.







História, historiografia e história da educação.


   Se vamos falar de história, podemos começar pela sua definição, mas essa não é precisa, tem-se por história. Enciclopédia Barsa, Enciclopédia Britânica Editores Ltda. Rio de Janeiro, 2000. História é uma disciplina que se ocupa do estudo dos acontecimentos relativos ao homem ao longo do tempo, com base na análise crítica de testemunhos concretos e verídicos.
Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira:  História. [...]. S.f. 1. Narração metódica dos fatos notáveis ocorridos na vida dos povos, em particular e na vida da humanidade, em geral... 2. Conjunto de conhecimentos adquiridos através da tradição e ou por meio dos documentos, relativos à evolução, ao passado da humanidade. 3. Ciência e método que permitem adquirir e transmitir aqueles conhecimentos. 4. O conjunto das obras referentes à história...  
O  Dicionário de Filosofia, de Nicola Abbagnano, que registra que  o termo HISTÓRIA  apresenta uma ambiguidade fundamental: por um lado, significa o conhecimento dos fatos ou a ciência que estuda os acontecimentos no tempo, em latim historia rerum gestarum;  de outro, o termo história significa os próprios fatos ou a totalidade deles, em latim historia res gestae. 
     Há uma grande necessidade da pesquisa histórica para compreendermos o meio em que vivemos, e sua função na formação de educadores em nosso país, a relação entre história e história da educação se baseia na concepção de que ambos podemos criar coisas no futuro, pois nada se cria apenas se transforma, portanto temos que conhecer o passado, e o que  foi feito para podermos conhecer e entender os fatos do presente. alem disso, a educação é parte construtiva da história da humanidade,  a autora Maria lúcia de Arruda Aranha, elucida a importância da história da educação:
[...] não se trata apenas de uma disciplina escolar chamada história da educação, mas igualmente da abordagem cientifica de um importante recorte da realidade. Estudar a educação e suas teorias no contexto histórico em que surgiram, para observar a concomitância entre as suas crises e as do sistema social, não significa, porem , que essa sincronia deva ser entendida como simples paralelismo entre fatos da educação e fatos políticos e sociais. na verdade, as questões de educação são engendradas nas relações que se estabelecem entre pessoas nos diversos segmentos da comunidade. A educação não é, portanto, um fenômeno neutro, mas sofre os efeitos do jogo do poder, por estar de fato envolvida na politica[...]. (ARANHA, 2006,p 24). 
     Podemos afirmar que a história da educação como explicitou a autora está altamente envolvida na politica e por esse motivo sofre por suas frequentes mudanças e aliança. Afinal para que estudar história da educação? para auxiliar na compeenção, da atuação nos aspectos de continuidade e de ruptura em relação aos seus antecessores, a fim de agir de maneira intelectual e nao meramente intuitiva.


leituras recomendadas:

  • ANDERY,M.A. e outros. Para Compreender a Ciência; uma perspectiva histórica. rio de Janeiro: Espaço e Tempo; São Paulo: EDUC, 1988. p11-18
  • ARANHA, Maria lúcia de arruda. historia da educação e da pedagogia. 3ª Ed. São Paulo, 2006. p19-31
  • CARDOSO, Ciro F.S.. Uma Introdução á História. São Paulo: Brasiliense,1986.
  • ANDREOTTI, Azilde L; MINTO, Lalo W.; LOMBARDI, J.C. . História da Administração Escolar no Brasil. Campinas, SP : Alinea, 2010.
  • LOPES, Eliane M. T.. Perspectivas Históricas da Educação. São Paulo : Ática, 1986.p.22-39.